
O orgasmo feminino é um conjunto de sensações emocionais e fisiológicas que se manifesta a partir de diferentes estímulos, seja através da relação sexual, da masturbação ou até mesmo de sonhos eróticos.
Considerando que cada mulher é diferente — e que o tema ainda é cercado por tabus —, é comum surgirem dúvidas sobre o assunto. Entre elas, a mais frequente: será que eu já cheguei lá?
Conforme a ginecologista e sexóloga Michelli Osanai, não é fácil definir ou descrever o orgasmo, justamente por se tratar de uma experiência subjetiva e individual. Ainda assim, há alguns sinais que podem ajudar a identificar esse momento.
Para a maioria das pessoas, se o estímulo durante o ato sexual for adequado, ocorre um estado de excitação crescente até atingir um pico. Esse nível de excitação é capaz de desencadear uma resposta reflexa, acompanhada de uma sensação de alívio e prazer intenso.
Quais sensações o corpo pode apresentar durante o orgasmo?
Segundo a especialista, é natural que, durante o período de excitação, a vagina comece a ficar mais lubrificada, os mamilos fiquem endurecidos, os batimentos cardíacos acelerem e uma certa tensão tome conta do corpo.
Quando se atinge o ápice, o sinal mais claro, segundo Michelli, são as contrações vaginais espontâneas.
— Ao mesmo tempo, ocorrem contrações musculares rítmicas involuntárias no terço inferior da vagina, que algumas mulheres descrevem como "latejamento". O coração bate mais forte e a respiração acelera. Depois segue-se um período de intenso relaxamento e uma agradável sensação de "moleza".
É comum sentir um “desligamento dos sentidos”?
Muitas mulheres relatam um breve momento de desconexão durante o orgasmo, como explica a médica.
— Inúmeras mulheres descrevem no momento do orgasmo e ao longo dele um breve "desligamento dos sentidos", acompanhado de uma sensação agradável que se inicia na região do clitóris e da vagina e se espalha por todo o corpo. Kinsey, um grande estudioso da sexualidade humana, descreveu poeticamente este estado de desligamento da realidade e do meio externo como "la douce mort" ou "a doce morte" — afirma a médica.
Autoconhecimento ajuda a identificar o orgasmo?
A ginecologista destaca que o autoconhecimento é um elemento importante para identificar se o ápice do prazer foi conquistado.
Quanto mais a mulher conhece suas preferências sexuais, os toques que mais agradam e os caminhos que levam às sensações, mais fácil se torna usufruir do desejo, do período de excitação e do orgasmo.
— Há todo um processamento do estímulo e uma interpretação sensorial da experiência conforme as vivências, experiências e condicionamentos de cada indivíduo. O que pode ser agradável para uma pessoa pode trazer desconforto para outra. Por isso, o autoconhecimento do corpo e a comunicação das preferências sexuais são importantes — explica a sexóloga.
O orgasmo é obrigatório durante o sexo?
Apesar de muitas vezes ser considerado o "ponto alto" da relação, o orgasmo não é uma exigência para que o sexo seja prazeroso.
A especialista lembra que o contato entre os corpos, a conexão emocional e a entrega ao momento também são experiências sensoriais valiosas.
— O orgasmo é o clímax do prazer, mas não é o único prazer no encontro sexual. O contato pele a pele em si é prazeroso. O olho no olho é prazeroso. O abraço e o relaxamento depois do sexo são prazerosos. O prazer é ainda maior quando há conexão e a entrega para as inúmeras experiências sensoriais que o sexo proporciona — finaliza.